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Tendinopatia do supraespinhoso: Causa, sintomas e tratamento

A tendinite do supraespinhal, ou supraespinhoso, não é o único tipo dessa patologia no ombro, mas é uma das causas mais comuns de dor e inflamação no local.

Ela não é muito comum na população, mas pode acontecer com qualquer pessoa de qualquer sexo e idade, embora seja diagnosticada com maior frequência em atletas que exigem muito da articulação do ombro e trabalhadores que exerçam atividades repetitivas ou com sobrecarga de peso.

Essa patologia, ainda, é apenas um das formas de lesão do chamado manguito rotador, conjunto de músculos, tendões e ligamentos que formam a articulação do ombro, e sobre a qual falamos mais aqui.

Vale lembrar que nem toda dor no ombro é uma tendinite. O termo é usado apenas quando lesão, inflamação ou ruptura de tendões ou ligamentos

Se você anda incomodado com dores na região ou acabou de receber um diagnóstico de tendinite do supraespinhal, pode conhecer mais sobre o problema abaixo.

Anatomia do problema

O músculo supraespinhal está localizado mais na face dorsal superior do seu ombro (parte de cima da articulação) e faz parte do grupo de quatro músculos que formam o chamado manguito rotador, conjunto de estruturas responsável pela rotação do ombro.

Já o tendão do músculo supraespinhal, pelo qual este artigo se interessa, fica ligado à cabeça do úmero, o maior osso do membro superior. Quando, por qualquer motivo, esse tendão se lesiona, damos à patologia o nome de tendinite do supraespinhal.

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O que acontece na tendinite do supraespinhal?

A lesão no tendão tratado aqui é considerada relativamente comum entre atletas que requisitam muito a articulação do ombro, sendo as modalidades mais propícias a esse tipo de inflamação o basquete, o beisebol, vôlei, tênis e natação.

Todos eles esportes que exigem bastante movimentação de braços acima da linha da cabeça, o que acaba forçando a articulação do ombro além das tarefas comuns.


Há, inclusive, um artigo inteiramente dedicado às lesões comuns aos nadadores, disponíveis neste link, onde você pode se informar melhor.

Além dos esportistas, a lesão também é bastante frequente nos trabalhadores cuja função exige movimentos repetitivos do ombro, fazendo com que, durante a abdução do ombro, o tendão seja comprimido junto ao osso ou que haja atrito entre as duas estruturas, facilitando o aparecimento de uma lesão.

A tendinite de ombro pode afetar homens e mulheres  de qualquer idade, mas é mais comum a partir dos 45 anos.

Fases:

As característica da lesão também costumam variar de acordo com a idade do paciente e podem ser classificada em três fases:

  1. O paciente tem dor aguda e apresenta pequeno sangramento dentro da articulação e inchaço. Em geral, os sintomas pioram com a movimentação dos braços e melhoram em repouso. Esse tipo de lesão costuma ser mais comum em pacientes jovens.

  2. A dor, nessa fase, é constante e um exame de ultrassom costuma mostrar fibrose com espessamento da bursa subacromial e tendinite do manguito rotador ou bíceps braquial. Afeta mais adultos jovens, de 25 a 40 anos.

  3. A terceira fase é caracterizada por ruptura parcial ou total do manguito rotador ou do bíceps braquial, sendo mais frequente após os 40 anos.
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Sintomas

O principal problema da tendinite é a dor local intensa que tende a surgir de repente e costuma piorar com a movimentação da articulação.

Junto com a dor, o paciente pode relatar, ainda, uma certa sensação de repuxamento e uma sensação de que ela “se espalha pelo braço”, devido principalmente à compensação do esforço muscular.

Há também quem sinta dor ao apalpar a região afetada, mesmo sem movimentação, e fraqueza ou a sensação de não conseguir segurar ou levantar um objeto.

Outro sintoma bastante comum dessa lesão, também, é a piora da dor durante a noite, o que leva à outro sintoma secundário, a alteração da qualidade do sono, sobretudo se o lado afetado for o que o paciente costuma se apoiar para dormir.

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Causas da tendinite do supraespinhal

A tendinite do supraespinhal costuma ter duas origens distintas: a mecânica, causada por movimento ou esforço, e a vascular, quando há deficiência na distribuição sanguínea ao tendão.

Isso faz com que a estrutura se enfraqueça e fique mais vulnerável a rompimentos.

É por isso também que o tratamento, detalhado mais à frente, deve considerar uma série de práticas e abordagens.

Quanto à parte mecânica, as causas mais comuns de ruptura do tendão do ombro são:

  • Quedas: São uma causa de tendinite comum entre pessoas idosas, principalmente em situações domésticas. Isso se deve, principalmente ao envelhecimento natural dos ossos e músculos, o que as torna mais suscetíveis aos tombos.

  • Artrite reumatoide: A doença inflamatória pode afetar o ombro, especialmente o tendão supraespinhal.

  • Sobrecarga de peso: Levantar peso em excesso, principalmente de um lado só do corpo, sobrecarrega o ombro e pode contribuir com o desenvolvimento da patologia.

  • Esporão ósseo: Acontece quando aparecem saliências na extremidade do acrômio, que podem causar atrito com o tendão e levar a uma lesão, rompimento ou inflamação do mesmo.

  • Fatores antecessores: A sobreposição de vários episódios de quedas ou sobrecargas, mesmo que esporádicos, pode ocasionar eventualmente uma tendinopatia do supraespinhal. Por exemplo, um atleta que frequentemente lesiona algumas fibras do tendão e as recupera, anos mais tarde pode lesionar outras fibras, formando assim um tecido cicatricial que enfraquece o tendão e o torna suscetível à inflamação.
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Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico de tendinite do ombro pode ser feito por um exame clínico, no próprio consultório médico, mas exames de imagem complementares podem ajudar a afastar fraturas ou tendinopatias calcificadas.

Os exames mais comumente solicitados, nesses casos, são a ultrassonografia do ombro, o raio-X, a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética.

Vale lembrar, no entanto, que um bom teste clínico e uma avaliação minuciosa do histórico do paciente, além de exercícios para avaliar que movimentos fazem a dor piorar ou não, são fundamentais no diagnóstico preciso.

Para isso, existem alguns testes conhecidos no meio médico bastante usados na consulta quando o paciente relata do no ombro:

  • Teste para tendinite do supraespinhal: Esse é o teste básico para o diagnóstico. Com o paciente sentado, o médico solicita que ele abduza (movimente lateralmente) o braço até um ângulo de cerca de 90 graus. O movimento faz com que o músculo supraespinhal seja tensionado, de forma que caso o paciente alegue dor no movimento.
  • Teste de Apley: Também com o paciente sentado, o médico indica que ele posicione a mão do mesmo lado onde sente dor atrás da cabeça e encoste-a na parte superior da escápula. Depois, pede que a mesma mão vá até a parte inferior da escápula.

  • Teste de Hawkins-Kennedy: Agora de pé, o paciente flexiona o ombro para frente em 90 graus. Depois, o médico pede que ele tente rotacionar o ombro. Se o paciente sentir dor, pode-se considerar a tendinopatia do supraespinhal.

Teste de Neer: Também em pé, o paciente estende o braço e o médico rotaciona o braço afetado no sentido interno, O movimento causa um choque do tendão contra o acrômio, o que causa dor em caso de tendinopatia.

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Tratamento da tendinite de ombro

O tratamento para tendinite do tendão supraespinhal costuma ser conservador, com fisioterapia e uso de medicamentos para alívio da dor, mas a cirurgia pode ser indicada em alguns casos, sobretudo se os sintomas permaneceram depois de seis meses a um ano do início do tratamento convencional.

O problema tem cura, mas é importante dizer que a remissão completa das dores e demais sintomas pode demorar de semanas a meses.

Em geral, a primeira coisa a ser receitada é o repouso para permitir que as estruturas lesionadas cicatrizem e não piorem com o esforço e o atrito da movimentação.

Na sua fase inicial, podem ser receitados anti-inflamatórios não esteroides e analgésicos tópicos ou de uso oral. Injeções de cortisona ou de ou anestésico local também podem ser indicadas para os casos mais graves ou de dor muito intensa.

Outro tratamento de bastante valor na tendinite de ombro é a acupuntura e o agulhamento seco (dry needling), que ajudam no alívio e tratamento da dor miofascial relacionada ao problema por meio da inativação dos pontos gatilhos e do relaxamento muscular.

Outra alternativa é a terapia por ondas de choque, uma modalidade de tratamento relativamente nova não invasiva e importante para o tratamento de casos refratários, e que apresenta boa resposta no alívio da dor na devolução da amplitude de movimento.

Vale salientar ainda a importância da fisioterapia, eficaz na reabilitação adequada do movimento e no auxílio do fortalecimento do músculo supraespinhal e dos demais músculos do manguito rotador. Com maior força muscular, há menos sobrecarga no tendão.

Cirurgia

A cirurgia costuma ser a última opção terapêutica para a tendinite do ombro, indicada apenas se o paciente não responder bem ao repouso e à fisioterapia.

Um dos procedimentos cirúrgicos possíveis é a artroscopia, na qual o cirurgião insere duas estruturas equipadas com câmeras na articulação do ombro que fazem o reparo do tendão ou “reorganizam” o posicionamento do acrômio, evitando atritos do tendão com o mesmo. O procedimento é feito por meio de duas incisões e anestesia geral.


No caso de esporões ósseos (espécies de protuberâncias no acrômio), outro procedimento também indicado é a acromioplastia, que consiste na raspagem dos esporões para cessar o atrito deles com o tendão.

O pós-cirúrgico inclui tratamento medicamentoso e fisioterapia. Também é indicada adoção da prática regular de exercícios físicos a fim de fortalecer o grupo muscular e evitar mais lesões no tendão supraespinhal.

Vale lembrar que uma das causas da tendinite do supraespinhal pode ter origem vascular. Assim,a ingestão de líquidos e minerais é muito importante para que a circulação e o provimento de sangue seja adequado e o tendão tenha os nutrientes necessários para seu funcionamento normal.

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Recuperação

Se o paciente seguir corretamente todas as indicações e não negligenciar nenhum cuidado a melhora pode ser percebida dentro de dois meses e a cura total é esperada para um período aproximado de quatro meses.
Isso é importante por causa da via inversa: não seguir corretamente o tratamento pode custar caro e levar uma lesão relativamente simples a se tornar crônica ou ainda desencadear lesões em outras regiões.

Considerações finais

A tendinopatia do supraespinhal não é comum, mas é relativamente frequente em atletas. Também consta como doença laboral, porque nem no movimento e esforço repetitivo uma da suas principais causas.

Não existem formas específicas de prevenção, mas a prática de atividade física e o fortalecimento dos músculos é importante para evitar a sobrecarga da articulação.

Esse tipo de tendinite tem tratamento simples geralmente, com melhora total possível esperada para quase todos eles. Para isso, no entanto, é preciso que o paciente tenha boa adesão à terapia indicada, sob risco de tornar sua dor crônica ou sofrer com o desenvolvimento de outros problemas relacionados.

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Carlos Roberto Baba
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CRM-SP 47825 / RQE 12910, 19925 | Médico especialista em Ortopedia, Traumatologia e Acupuntura. Médico Colaborador do Grupo de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Monitor do curso do CEIMEC – Centro de Estudo Integrado de medicina Chinesa.

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