TURMA 2024 - PÓS-GRADUAÇÃO EM ACUPUNTURA MÉDICA - INÍCIO EM MARÇO DE2024

Estudo: acupuntura para osteoartrite

A osteoartrite (OA) exerce impacto importante sobre a mobilidade e a qualidade de vida dos pacientes, porém os fármacos anti-inflamatórios usados para trata-la estão associados a alguns efeitos colaterais. Nos últimos anos, os pacientes têm se voltado cada vez mais para a acupuntura em busca de alívio da dor crônica associada à OA. Um novo estudo publicado na edição de novembro de 2006 do Arthritis & Rheumatism investigou o uso da acupuntura como uma extensão do tratamento médico de rotina e avaliou se os efeitos do tratamento persistem após a descontinuação da terapia. 

 

Liderados por Claudia M. Witt, da University Medical Center em Berlin, Alemanha, pesquisadores conduziram um estudo controlado randomizado envolvendo um amplo número de pacientes com dor crônica decorrente de OA do joelho ou quadril.

Entre julho de 2001 e julho de 2004, um total de 3.553 pacientes foram divididos em três grupos: 322 pacientes imediatamente tratados com até 15 sessões de acupuntura no período inicial de 3 meses; 310 controles não tratados com acupuntura durante os primeiros 3 meses; e 2.921 pacientes (que não consentiram a randomização) receberam o mesmo tratamento que o grupo da acupuntura.

Cada paciente foi seguido por um período total de 6 meses e o grupo controle recebeu acupuntura durante os últimos 3 meses do período do estudo. O Western Ontario and McMaster Universities Osteoarthritis Index (WOMAC) e um levantamento de qualidade de vida relacionado com a saúde (Short Form 36) foram usados para medir desfechos quando o estudo foi iniciado e, subsequentemente, em 3 e 6 meses.

 

“Pacientes com dor crônica decorrente de OA do joelho ou quadril tratados com acupuntura em adição ao tratamento de rotina apresentaram melhoras significativas nos sintomas e na qualidade de vida, em comparação com os pacientes que receberam apenas tratamento de rotina”, relatam os autores.

 

Isto foi válido para ambos os grupos, randomizado e não randomizado. Em adição, pacientes no grupo controle tratados com acupuntura somente após 3 meses demonstraram melhoras similares aos 6 meses. Em adição, os escores de WOMAC e SF-36 aos 6 meses estavam apenas discretamente abaixo do que os escores obtidos aos 3 meses por aqueles que receberam acupuntura imediatamente.

Embora o estudo não tenha sido cedo, seu delineamento foi escolhido de modo a refletir a prática médica geral. Foi um dos maiores estudos randomizados sobre acupuntura até então conduzidos, baseado em parte nos resultados, e o German Federal Committee of Physicians and Health Insurers está considerando uma proposta segundo a qual a acupuntura é reembolsada pelos fundos de seguro médico do Estado. Se esta proposta for aprovada, provavelmente será instituída como opção médica de rotina no tratamento da OA.

Os autores concluem que “os resultados presentes mostram que, em pacientes com dor crônica decorrente de OA do joelho ou quadril submetidos ao tratamento primário de rotina, a adição de acupuntura ao regime de tratamento resultou em benefício clinicamente relevante e persistente”.

Em um editorial acompanhante na mesma edição, Tao Liu e Chen Liu, da Jilin University, Changchun, Jilin, China, apontam que a acupuntura é parte da medicina tradicional chinesa, a qual revisa o corpo de maneira diferente da biomedicina, que enfatiza a capacidade curativa do corpo e visa a cura a longo prazo, mas não necessariamente a cura. Em adição, a acupuntura tem como característica as relações estreitas entre paciente-profissional, as quais envolvem interação e comunicação intensificada possivelmente benéficas no tratamento da OA.

Estes pesquisadores sugerem ainda que, na realidade, poucos pacientes com OA usam a acupuntura como único tratamento e a falta de informação sobre o quão bem a acupuntura funciona provavelmente a implica como uma opção de tratamento subavaliada que poderia ser um elemento importante de uma abordagem multidisciplinar para o tratamento da OA.

Os autores notam que o presente estudo “reflete o mais estreitamente possível as condições da prática médica diária e, conforme ressaltado, maximiza a validade externa e a relevância clínica”. Relatam ainda que o estudo foi limitado no sentido de que o processo de consentimento informado do paciente foi obscuro e houve algumas características de paciente que não foram escritas (p. ex., se o paciente já experimentou a acupuntura e como foi a experiência dele). Em adição, os autores sustentam que a experiência de um acupunturista é o fator mais importante no desfecho do tratamento.

Por fim, concluem: “Considerando que o mecanismo biológico da acupuntura continua desconhecido, o estudo de Witt et al. promove o nosso conhecimento sobre acupuntura e acrescenta evidência acumulada sustentando sua eficácia. Tal evidência justifica o uso da acupuntura em várias condições de dor crônica”.

hong jin pai
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Médico especialista em Acupuntura, formado pela Faculdade de Medicina da USP, com especialização e pós-graduação em Acupuntura na China. Fundador e Coordenador do CEIMEC. Doutorado em Ciências pela USP. Professor Colaborador do Instituto de Ortopedia do HC-FMUSP.

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Especialização em Acupuntura Médica

Reconhecida pelo Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura 

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